No dia 2 de maio, há 3 meses atrás, a Arkane Austin trouxe o seu mais novo título para os consoles Xbox, o primeiro jogo do estúdio após se juntar a Xbox Game Studios.
Eu estava bastante empolgado com o jogo na época, e assim que lançou, eu mergulhei no universo vampírico de Redfall; e nessa review eu vou contar pra vocês como foi a minha experiência com o jogo.
História
A história do jogo se passa em uma cidade fictícia chamada Redfall, onde uma série de experimentos feitos por um laboratório médico acabou por transformar as pessoas da cidade em vampiros.
O cenário é devastador; Vampiros tomaram conta da cidade, secaram os mares e bloquearam o sol, dando a eles poderes irrestritos a qualquer hora do dia, e agora cabe ao jogador impedi-los.
A história é contada em partes, e avançam conforme o jogador completa as missões do jogo, não apenas com as cutscenes, mas com todo ambiente do jogo.
Items encontrados e até mesmo o próprio cenário trazem informações e fornecer mais detalhes sobre os acontecimentos ao jogador; porém, a maior parte dos desdobramentos da história ocorrem pouco antes das batalhas com os chefes, através dos ecos psíquicos.
Ecos psíquicos são como memórias deixadas por um vampiro; geralmente essas memórias estão presas em monstros conhecidos como devoradores de pecados, que o jogador deve derrotar; os ecos psíquicos contam eventos do passado do vampiro que ele deseja esquecer e esconder.
A história de Redfall é boa, e traz uma proposta diferente ao gênero vampírico, levando para o lado científico ao invés do sobrenatural, o que o diferencia de outros títulos semelhantes.
Combate
A principal mecânica de Redfall é o combate, que é feito na perspectiva em primeira pessoa.
O game disponibiliza uma boa variedade de armas de fogo e de combate corpo a corpo. As armas variam entre diversos modelos como escopetas, rifles, metralhadoras e pistolas, e algumas delas contam com uma estaca em sua ponta, peça essencial na luta contra os vampiros.
Além de armas de foto, existem alguns modelos diferenciados de armamento, como as armas de feixe UV, que petrificam os vampiros após um período de exposição e as lança-estaca, que como o nome sugere, disparam estacas de madeira capazes de causar um dano imenso e até matar alguns inimigos instantaneamente.
Além das variadas armas oferecidas pelo jogo, cada personagem possui suas próprias habilidades especiais.
O personagem que eu escolhi foi o Devinder Crousley, que conta com três diferentes habilidades:
Uma lança de choque que funciona tanto como uma estaca, quanto como uma arma de efeito em área, eletrocutando todo inimigo próximo; o translocador, que permite que Devinder se teleporte para o local onde o dispositivo foi arremessado; e sua habilidade máxima, luz negra, uma fonte de luz UV capaz de petrificar todos os vampiros dentro da área de atuação quase que instantaneamente.
Se você optar por jogar com outro personagem, essas habilidades serão diferentes, porém, eu fiz minha gameplay completa apenas com o Devinder.
Exploração
A exploração é uma parte essencial da campanha e também ótima para quem quer descobrir todos os segredos de Redfall.
Para a história, a importância da exploração está centralizada principalmente na execução de missões que cobrem toda a extensão de Redfall, e também na busca por refúgios, que além de serem áreas seguras, trazem consigo as missões de bairro, necessárias para obter os crânios que o levam aos chefes do jogo.
A cidade de Redfall possui diversos segredos espalhados, que vão desde ninhos de vampiros, até casas que possuem mistérios a serem resolvidos, mistérios esses que requerem bastante exploração para encontrar os itens necessários para desvendá-los.
Além disso, a sensação de terror está presente a todo momento enquanto exploramos cada canto da cidade, principalmente a noite, onde a cada esquina que se vira e a cada porta que se abre traz junto dá descoberta o medo de encontrar um cultista, ou pior, um vampiro escondido nas sombras.
Alguns vampiros são especialmente perigosos, e se você acabar morrendo, terá que recomeçar a sua exploração do refúgio ou ponto de checagem mais próximo.
RPG
Redfall é primariamente um game de ação em primeira pessoa, porém, o jogo conta com alguns elementos de RPG, sendo o principal a árvore de habilidades.
Cada personagem conta com habilidades únicas e elas podem ser melhoradas através de pontos que são conquistados em combate e cumprindo missões.
Existem diversos tipos de upgrade como aumentar a quantidade de munição que pode carregar, aumentar o dano de certos tipos de ataque e até a duração dos efeitos de algumas habilidades especiais, tudo isso de uma maneira muito simples para o jogador.
Além da árvore de habilidades os personagens também evoluem de nível através do ganho de experiência, e a cada nível aumentado seus atributos básicos, como a saúde por exemplo, aumentam.
Também é possível aumentar as habilidades dos personagens através de itens especiais conhecidos como vestígios sanguíneos. Esses podem aumentar sua saúde, ou te dar precisão perfeita com certo tipo de arma, existem diversos níveis de vestígios sanguíneos, e quanto maior seu nível, melhor são os benefícios.
Campanha e Missões
A campanha de Redfall se passa em dois locais distintos, o Largo de Redfall e o Ponto de exéquias. A duração da campanha é relativamente longa, eu levei cerca de 30 horas para finalizar todas as missões do game, incluindo missões opcionais e secundárias.
Porém, é preciso considerar que eu joguei o game no modo solo e na dificuldade normal, com alguns momentos jogados na dificuldade fácil; se você optar por jogar em dificuldades mais altas, ou jogar em modo cooperativo, esse tempo pode variar para mais ou para menos.
Fiz a minha campanha jogando o personagem Devinder, que foi o que mais gostei, e achei as missões bem distribuídas e divertidas de jogar. Porém, existe um certo grau de repetição nas missões que pode incomodar algumas pessoas.
A maioria das missões envolve matar um vampiro especial, destruir um comício dos cultistas ou invadir casas para recuperar itens, porém, vale ressaltar que a ambientação do game te deixa sempre num clima de terror e expectativa, e mesmo em missões parecidas nunca se sabe o que pode acontecer no trajeto.
Outro ponto que ajuda na diferenciação das missões, são os locais e a forma como você deve resolver certos problemas. Em algumas missões é mais fácil resolver no stealth (existe uma conquista sobre isso em uma missão), já outras missões podem ser resolvidas na base do ‘entrar atirando‘.
O jogo possui 3 tipos de missões: Principal, Opcional e Secundária.
Missões principais são as missões que avançam a história, que incluem as missões que você obtém no posto avançado e as missões dos refúgios dos bairros, que são necessárias para coletar os crânios dos subchefes, que servem para dar acesso ao covil dos deuses vampiros.
Missões opcionais são rotas alternativas que aparecem após algumas missões principais, você não precisa completá-las, mas existe uma conquista para quem completa todas.
Já as missões secundárias são dadas a você por pessoas dentro dos postos avançados ou refúgios, elas também são opcionais, mas existe uma conquista para quem concluir todas elas.
Problemas Técnicos
Aviso Importante: Meu gameplay de Redfall foi feito em sua versão original de lançamento (maio), antes dos recentes patches de correção, e portanto, é possível que alguns desses problemas possam ter sido corrigidos.
Redfall é um jogo muito divertido, porém, não é perfeito, e alguns problemas acabam por atrapalhar a experiência do jogador.
Dentre os 3 diferentes tipos de problemas que experimentei, o que mais impactou minha jogatina foram as constantes desconexões do servidor; Redfall é um jogo que está sempre conectado, mesmo quando estamos jogando solo, por isso, quando a conexão com o servidor é interrompida mesmo que por um segundo, o jogo volta para o menu inicial.
O problema aqui é que na época do lançamento o servidor estava tão instável que isso acontecia pelo menos 1 vez a cada sessão de jogo, me fazendo perder cutscenes ou ter que ir novamente até o local de uma missão.
A situação só não era pior, pois o sistema de salvamento automático funciona bem, e garantia que mesmo com as desconexões eu não perdesse progresso, mas ainda assim era algo que incomodava bastante.
Outro problema que afetou a jogatina foi o balanceamento do jogo para o modo solo.
Jogando o game solo é possível notar que é verdade o que a Arkane disse sobre os personagens: eles foram pensados para o solo e expandidos para o cooperativo.
Infelizmente o mesmo não pode ser dito de alguns inimigos. Alguns vampiros especiais e até mesmo deuses vampiros, parecem ter sido planejados apenas para o modo cooperativo, já que as fraquezas desses inimigos dependem de ter mais de um jogador na equipe.
A Predadora, por exemplo, quando captura o jogador é impossível se soltar, a menos que ela seja atingida por um outro alguém, o que é impossível no modo solo; isso acaba criando situações onde a dificuldade aumenta artificialmente, pois o jogo penaliza quem opta por jogar sozinho.
Essa situação também pode ser percebida com deuses vampiros, como é o caso do Nefasto, cujo ponto fraco também exige que mais de um jogador esteja presente para ser aproveitado.
O terceiro e último problema que encontrei foi o que menos me impactou, pois comigo aconteceram pouquíssimas vezes, nada muito fora do visto em outros jogos por aí, que foram os problemas relacionados a Inteligência Artificial dos inimigos.
Em alguns momentos era possível ver os inimigos agindo de maneira incorreta, atirando para o lugar errado ou não percebendo o jogador que está bem a sua frente.
Ainda com relação ao sistema de inimigos, as vezes ninhos eram criados em áreas onde eles não deveriam existir, como quando uma das áreas seguras do jogo acabou ficando dentro de um ninho de vampiros, porém isso ocorreu apenas uma vez.
Em resumo, Redfall mostrou alguns problemas durante minha gameplay, o que atrapalhou um pouco a experiência, mas sem dúvida a desconexão foi a que mais me incomodou.
Conclusão
Redfall é um jogo divertido, com uma ambientação de terror de tirar o fôlego e cujo o medo te segue a cada passo dentro da cidade.
O combate é satisfatório e a variedade de armas e habilidades dos diferentes personagens permite ao jogador curtir o game da maneira que preferir.
A história do jogo é boa e possui alguns mistérios para desvendar, mas para avançar na história é necessário concluir missões, que podem em alguns casos, ser um pouco repetitivas.
O jogo possui alguns problemas técnicos, que se ainda não foram resolvidos, podem sim atrapalhara experiência do usuário, mas apesar de tudo, Redfall é uma dose de ar fresco em um gênero tomado por zumbis, e a prova de que é possível reinventar monstros clássicos com uma temática original.
“Redfall é uma dose de ar fresco em um gênero tomado por zumbis”